Soluções financeiras de apoio ao setor social foi o tema de uma sessão que decorreu no passado dia 30 de junho, no auditório da Associação Empresarial de Portugal (AEP), em Matosinhos. Na ocasião, também foi assinado um protocolo de cooperação entre a AEP e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP).

Na abertura dos trabalhos, Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP, sublinhou o papel do setor da economia social na construção de uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva e o trabalho efetuado pelas Misericórdias, “presentes, em muitos casos, onde o Estado não chega, assumindo-se como verdadeiros pilares da coesão social, especialmente em comunidades mais vulneráveis”.

O impacto social e a relevância económica foram também destacados por Luís Miguel Ribeiro “com a dinamização das economias locais, criação de postos de trabalho, além do contributo para as parcerias com entidades públicas ou privadas num modelo de desenvolvimento económico mais inclusivo”.

Contudo, num contexto de desafios demográficos, “este papel torna-se ainda mais desafiante” e é neste âmbito que surge o protocolo entre AEP e UMP, que vai viabilizar a realização Protocolo na área financeira para apoiar Misericórdias de estudos de sustentabilidade, facilitação do acesso a instrumentos de financiamento junto da banca comercial, incluindo o grupo Banco Português do Fomento e junto da União Europeia.

O presidente da UMP, Manuel de Lemos, lembrou que “a questão da sustentabilidade das Misericórdias e do setor social tem-se agravado. O mundo mudou. Não é mais possível o Estado dar recursos para continuar a abastecer de uma maneira sem fim tudo aquilo que são as nossas necessidades”. Por isso, encontrar outras formas de gestão e financiamento “tem sido, desde sempre, uma grande preocupação das nossas instituições”, sublinhou.

Da parte da AEP, Gustavo Silva afirmou que “os desafios da sustentabilidade das instituições do terceiro setor passam essencialmente por otimizar a escala das respostas sociais, rentabilizar recursos comuns (ganhos de eficiência), diversificar a oferta de serviços e reduzir a dependência do financiamento público”.

Recordando números da Conta Satélite da Economia Social, Gustavo Silva considerou ser possível gerar mais riqueza e pagar melhor a quem trabalha no setor social. “São vocês que têm esse poder de gerir de uma forma diferente, com algumas melhorias que, em alguns casos, serão incrementais e noutros serão melhorias significativas”. O responsável concluiu a sua intervenção com os resultados obtidos em auditorias efetuadas pela UMP em três Misericórdias. A sessão contou com cerca de cem pessoas, de 50 Misericórdias. Da UMP, também esteve presente o vice-presidente, José Rabaça.

Voz das Misericórdias, Paulo Sérgio Gonçalves